sexta-feira, 27 de novembro de 2009



everything it seems i like's a little bit stronger
a little bit thicker, a little bit harmful for me

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Costumam dizer por aí que depois da tempestade vem a bonança.

Eu adoro essa palavra. Um dia eu vi uma entrevista com os Los Hermanos, um deles falou para o repórter que esse seria o nome do segundo disco, mas que de última hora virou Ventura. Eu prefiro Bonança, com toda certeza.

Acho que o pior disso tudo, de passar pela tempestade, é você querer resgatar aquilo que um dia você chamou de calmaria, de bonança. Porque é exatamente aí que habita a verdadeira paz de espírito, o que você ousa chamar de felicidade. A pior saudade é aquela que você sente de você mesma. De como você era antes do barco começar a virar, antes de ser arrastado pelas ondas.

O mais difícil de tudo é, sem dúvidas, adaptar o que sobrou de você a uma nova realidade, que pode ser tão bonita como aquela que ficou para trás. Mas até perceber isso, o coração lateja, a lágrima cai, o corpo dói.

No fundo a gente só quer está bem. Mas ninguém sabe como. Eu tento. Eu tento ver beleza no que está reservado para mim. Mas ainda morro de saudade do sorriso gratuito que um dia se fez presente.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

um ode à cinzitude

o sol até me faz bem, quando estou devidamente protegida. na verdade, acho que o meu problema com praia, por exemplo, não é nem por causa do astro-rei. odeio odeio odeio me sujar de areia, odeio odeio odeio o vento forte que espalha todos os meus pertences e odeio odeio odeio minhas celulites.

o problema maior é o calor, a luz forte que me obriga a andar de óculos escuro para cima e para baixo. não existe sensação pior que entrar no carro meio-dia, depois de o coitado ter passado a manhã inteira se bronzeando. por isso, quando puxo a cortina de manhã e vejo o céu cinza, com cheiro de chuva, uma alegria ridícula toma conta do meu dia. o calor ainda persiste, é claro, mas andar pela cidade olhando a cinzitude é bem mais agradável. um amigo meu comentou que, por alguns momentos, sentiu-se em são paulo. eu fui mais longe: por alguns momentos, me senti em londres.

odeio ter nascido no país errado.

domingo, 18 de novembro de 2007

intervalo amoroso

deixa que eu te ame em silêncio
não pergunte, não se explique, deixe
que nossas línguas se toquem, e as bocas
e a pele
falem seus líquidos desejos.

deixa que eu te ame sem palavras
a não ser aquelas que na lembrança ficarão
pulsando para sempre
como se amor e vida
fossem um discurso
de impronunciáveis emoções


[obrigada, affonso romano de sant'anna]

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

as primeiras palavras dessa manhã

eu: tchau, mãe, vou trabalhar.
mãe: e que horas são?
eu: 7 horas.
mãe: tadinha...
eu: é foda, mãe. são sete horas e já tô de pé. só vou chegar agora em casa sete da noite. e eu só sou uma menina.
mãe: Nem é.
eu: então tá...
mãe: bebel?
eu: oi.
mãe: ajeita os cachinhos.



[então tá]

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

lá está ele, olhando para mim. é aquele olhar de cansaço que eu acho tão bonito. ninguém fala nada, absolutamente nada. só observa. está escuro. na TV, qualquer coisa irrelevante e mal dublada. eu me viro e, imediatamente, ele também. o movimento é engraçado. fico calada. acho graça apenas em pensamento. estou em paz.

agora é minha vez, digo para mim mesma. tem tanta coisa que eu quero dizer, que eu preciso dizer. mas nada sai. apenas lágrimas, contidas e envergonhadas. o silêncio, que outrora era bom, agora me sufoca. nos sufoca. e vamos embora. junto com a gente, a sensação ruim de ver um dia bom se transformar naquilo que queremos apagar da nossa memória.

penso demais.

só pode ser isso o motivo do meu caos particular. pode ser também porque não sei falar. não sei mesmo. eu até tento, e às vezes consigo. queria gritar, explicar e poder dizer o quanto tudo é muito bom, o quanto tudo é muito importante, que apesar de certas coisas eu tenho paz. não foi dessa vez.

só espero que ele saiba disso. ou melhor: só espero que ele sinta isso.